Guia básico para antes e depois da cirurgia plástica
Cair na faca, como dizem por aí, não é só deitar na mesa de cirurgia e acordar linda, não
Vitor Murad
Como é um processo cirúrgico, exige preparação e cuidados durante a recuperação. Por isso, antes de pensar em fazer uma plástica, leia o guia de cuidados pré e pós-operatórios que o iG preparou para você. Os cirurgiões plásticos Vitório Maddarena e Ewaldo Bolivar explicam direitinho tudo que você precisa saber para decidir se vai ou não operar:
ANTES
Exames médicos
Uma plástica requer uma avaliação pré-operatória, como qualquer outra cirurgia, explica Vitório Maddarena. "Isso é necessário para conhecer todas as condições clínicas e laboratoriais do paciente, que variam conforme as condições dele, a idade, histórico pessoal e familiar, cirurgias anteriores e outros detalhes".
Alimentação influencia
"É muito mais importante o histórico alimentar do que o que se come nos dias que antecedem a cirurgia", conta Maddarena. "Uma dieta pobre em ferro pode levar à anemia. Se há falta de proteína – ou há dificuldade de absorção desse nutriente –, a pessoa pode ter dificuldade de cicatrização. E isso não é algo que mude do dia para a noite", esclarece o médico que diz, ainda, que, para o dia da cirurgia, é necessário jejum (inclusive de água), de 8 a 12 horas. "E a alimentação da véspera deve ser leve".
Medicamentos e anestesia
Os medicamentos de uso contínuo não devem ser interrompidos (como remédios para o coração, pressão ou insulina, por exemplo). "Os psicotrópicos (calmantes, ansiolíticos e antidepressivos) podem interferir na anestesia, portanto, o médico anestesista deve saber se o paciente utiliza algum", alerta Maddarena. "O ideal é que se faça uma consulta pré-anestésica para que esse profissional tenha conhecimento pleno sobre as características e condições do paciente, pois a anestesia deve ser individualmente elaborada". Bolivar cita outros tipos de drogas: "É importante não fazer uso de medicamentos que contenham ácido acetil salicílico ou para emagrecimento por, no mínimo, 30 dias".
Cigarro
Fumar influencia, e muito, em uma cirurgia. "O fumo diminui a microcirculação sanguínea na derme. O ideal é parar, pelo menos, um mês antes da cirurgia. Mas, mesmo assim, quando o procedimento é de plástica de abdome ou lifting facial, o paciente corre o risco de necrose da pele", alerta Ewaldo Bolivar.
Emagrecer é preciso
Sem dúvida, o ideal é que as pessoas sejam operadas com o peso ideal. Mas, nem sempre isso ocorre. "Se o sobrepeso não for exagerado, é possível fazer a cirurgia antes e, sob orientação, emagrecer depois, mas isso vai depender do exame detalhado para saber se é seguro", afirma Maddarena.
Sobre a internação
Quanto menos tempo ficar no hospital, melhor. Por isso, a internação ocorre sempre no dia da cirurgia. "Já a alta hospitalar deve ocorrer quando o paciente apresente as condições necessárias. Alguns tipos de cirurgia permitem alta no mesmo dia. Outros necessitam de uma ou duas noites no hospital, onde as condições para a recuperação são mais adequadas", conta Maddarena.
Casos especiais
O que mais interfere são as condições clínicas do paciente, mas, existem alguns casos especiais. "Crianças e pessoas de idade mais avançada devem passar por uma avaliação mais criteriosa", diz Maddarena. "O mesmo ocorre com pessoas que têm características especiais, como ex-obesos, pessoas com histórico de trombose, diabéticos, hipertensos, cardiopatas, independentemente da idade".
DEPOIS
Cuidados gerais
Maddarena avisa que, para todas as cirurgias, existem cuidados gerais, como evitar esforços, não se expor a fontes de calor ou ao sol e usar os modeladores adequados. Após um tempo, é recomendado fazer drenagens linfáticas, massagens nas cicatrizes e continuar a proteção contra a luz solar. "O sol é um destruidor do colágeno da pele, logo, é necessário sempre, após qualquer procedimento, evitar exposição a ele, por, no mínimo, um mês. E não esquecer de usar protetor solar fator 60 ou maior", complementa Bolivar. Ele diz, ainda, que existe um prazo pós-cirúrgico em que o inchaço (edema) vai diminuir, "porém, quando o paciente perde mais sangue ou não se preparou no pré-operatório é mais difícil desinchar".
Cuidados específicos
*Lipo: massagens sobre a área tratada, sob orientação.
*Mamas: Não levantar os braços acima dos ombros, não dirigir e não carregar peso durante as primeiras semanas. O acompanhamento com ultra-sonografia e mamografia deve ser feito normalmente.
*Glúteos: No início, cuidado ao sentar-se e deitar-se. E evitar injeções nessa região, pois, além de correr o risco de perfuração do implante de silicone, o medicamento não faria o efeito esperado.
*Face: O principal cuidado é evitar a exposição à luz solar, enquanto houver hematomas. As drenagens devem ser iniciadas logo que o paciente tenha condições.
Quelóides
Bolivar pede atenção para não desenvolver esse tipo de cicatriz. "O cirurgião tem que tomar conta da paciente, indicando pomadas e placas de silicone por um mês. É o médico que deve orientar o melhor tratamento", diz. "Quem quiser se submeter a uma cirurgia, deve estar ciente de que vai ter que seguir um tratamento depois dela".
Compressão
As cintas modeladoras são muito importantes, pois imobilizam os tecidos. Existem cintas especialmente desenvolvidas para quem faz lipo ou opera o bumbum. "Isso garante mais eficácia na recuperação e mantém os tecidos em sua posição adequada. No caso das mamas, o indicado é um sutiã próprio para o período pós-operatório", diz Maddarena. "Na face, muitas vezes, o curativo com adesivos é moldado pelo médico, e ele já faz a compressão".
Para ter vida normal
"A recuperação é gradual e depende do tipo da cirurgia e de cada pessoa. Entretanto, algumas áreas requerem repouso maior para que os tecidos – músculos sobretudo – se recuperem completamente", explica Maddarena. Mas, basicamente:
Substituição de próteses
O implante (de mamas ou glúteos) é uma bolsa de silicone elastóide, cheia de gel de silicone. Essa bolsa é feita em várias camadas para que não haja vazamento do gel. Entretanto, há o desgaste natural dos materiais, e o implante fica sujeito à micro-fissuras depois de algum tempo. "Assim como trocamos as obturações dos dentes de tempos em tempos, necessitamos trocar o silicone. O prazo ideal é a cada 10 anos", avisa Maddarena.
As dores
É comum o médico ministrar remédios para prevenir infecções e para ajudar o paciente a não ter dores, além de cremes. A dor é um mecanismo de defesa para avisar que algo está ferido em determinado lugar, fazendo com que mantenhamos a área em repouso, para que se restabeleça o mais rápido possível. "A sensibilidade é variável de uma pessoa para outra. De um modo geral, a cirurgia é dolorida, mas não dolorosa. Ou seja: sentimos quando tocamos a área ou quando movimentamos a região, mas, não há uma dor constante, nem intensa", explica Maddarena. "Isso acontece porque a cirurgia plástica utilizar técnicas de reposicionamento dos tecidos, sem agressões", encerra.
Fonte: http://beleza.ig.com.br/noticia/2008/07/15/guia_basico_para_antes_e_depois_da_cirurgia_plastica_1442491.html