Como apagar uma tatuagem
A maneira mais fácil de apagar uma tatuagem
Como apagar uma tatuagem?
Cresce o número de tatuados arrependidos. Saiba quais métodos existem para eliminar os desenhos feitos para durar a vida toda
Tatuagens estão na moda, mais do que nunca. Estima-se que 4,5 milhões de brasileiros tenham algum desenho permanente no corpo. O que no passado era uma decoração corporal de marginais e marinheiros banalizou-se. E trouxe consequências. Uma delas é que as pessoas, também em número cada vez maior, se cansam de conviver por anos com marcas indeléveis na pele. É o que os especialistas chamam de “crise conjugal”. O que deveria ser para sempre não é mais. Como estar satisfeito aos 50 com a imagem que se tatuou aos 20? Nos Estados Unidos, a Academia de Dermatologia calcula que 70% dos tatuados se arrependem uma década depois. Então começa o problema. O que fazer para passar a borracha na própria pele?
A fisioterapeuta Lenita Frare, de 33 anos, submeteu-se na semana passada a sua primeira sessão de laser para apagar duas de suas 12 tatuagens. “Era como se uma agulha fervendo tocasse minhas costas”, disse. Lenita quer se livrar de um ideograma japonês e de uma rosa tatuada em sua mão (foto ao lado). Segundo ela, as tatuagens foram mal feitas. Para apagar os dois desenhos terá de passar por cinco sessões de laser de cinco minutos ao longo de pelo menos seis meses, com intervalos de pelo menos 30 dias entre as sessões, para cicatrização. Durante os meses de “limpeza”, Lenita não poderá se expor ao sol e terá de aplicar pomadas anti-inflamatórias. “As pessoas querem trocar de tatuagem, não apenas apagar”, diz o dermatologista Cláudio Roncatti, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Laser. O número de seus pacientes vem crescendo com a demanda de arrependidos (os que querem tirar) e entediados (os que querem mudar o desenho). Um de seus clientes, o empresário de internet Luiz Felipe Carvalho, de 24 anos, procurou o consultório antes mesmo de concluir a tatuagem. “Estava na segunda sessão do desenho e decidi tirar”, diz ele. Carvalho queria tatuar um desenho pequeno no braço direito, mas acabou convencido pelo tatuador a optar por um maior (e mais caro) no braço todo. Pagou R$ 700 pelas duas aplicações de tinta. Agora, as sessões de laser podem lhe custar R$ 10 mil: “Foi um erro, mas adoro minhas outras tatuagens”. Carvalho deve voltar ao tatuador para “reformar” uma estrela na batata da perna. Mas afirma que nunca vai mexer na imagem da avó, que desenhou na barriga.
O laser é a técnica mais segura para tentar apagar uma tatuagem. Trata-se da emissão de uma luz especial que atinge o pigmento e o fraciona em parcelas menores, que são absorvidas pelo organismo. O procedimento é doloroso, um pouco caro e demorado. Uma sessão custa por volta de R$ 300. E algumas tatuagens demandam dois anos de sessões, uma por mês. O resultado depende da cor da pele, da cor da tatuagem e da forma como o corpo reage à queimadura. “Na maioria dos casos fica um borrão ou uma mancha clara no lugar da tatuagem”, diz o dermatologista Alexandre Fillipo. Ele atende 30 pessoas por mês que querem apagar tatuagens.
Em alguns casos o laser não é a técnica mais indicada. Principalmente quando a pele é delicada ou a tatuagem foi feita com tinta clara. Na ressecção – uma técnica alternativa –, o cirurgião extrai a parte tatuada e costura em seguida. Na dermoabrasão, a pele, anestesiada, é lixada até as camadas mais profundas, onde está a tinta. Nos dois casos há cicatrizes. Mas esses procedimentos, além de mais baratos, são feitos em um único dia.
Uma nova tecnologia pode facilitar a vida de futuros arrependidos. Trata-se de uma tinta especial para tatuagem que pode ser removida com apenas uma aplicação de laser. Cada gotícula fica presa em uma microcápsula sensível ao laser. Destruída, a cápsula solta a tinta na derme, e ela é absorvida pelo corpo rapidamente. O novo pigmento já está sendo usado por 40 estúdios americanos de tatuagem, mas não chegou ao Brasil. “A tatuagem não sai, mas perde o caráter definitivo”, diz o cientista Martin Schmieg, presidente da empresa Freedom-2, que licenciou o produto. A tinta especial só está disponível, por enquanto, na cor preta.
As tatuagens estão na pele de todas as tribos e mudam com o tempo. Um dos primeiros ícones foi a âncora de marinheiro. Hoje, o que faz sucesso são ideogramas, tribais e desenhos em terceira dimensão. Amanhã pode ser qualquer coisa. Enquanto a tinta especial não chega por aqui, recomenda-se calma. O impulso de pintar o corpo para sempre pode custar caro.